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ÂNCORAS
Há âncoras que pesam, e há âncoras que protegem. Há âncoras que te prendem ao cais, te impedem de partir, mas também te salvam das tempestades. E há aquelas soltas, afundadas no meio do mar, presas a nada… que não afundam só o ferro, mas também o barco, e o coração de quem navega. Há âncoras invisíveis, feitas de promessas antigas, medos não ditos, costumes aprendidos — pesam mais que qualquer corrente de aço. E há âncoras que você mesma lançou, sem perceber, na esperança de que fossem abrigo, mas que hoje são prisão. O dilema é este: soltar a âncora e se lançar ao mar, ou seguir ancorada onde o fundo é raso, mas seguro? A embarcação treme. As velas pedem vento. O leme gira sozinho. E você, ancorada, olha para o horizonte, com medo, com desejo, com dúvida… E, no fundo, sabe: a âncora nunca foi de ferro. Sempre foi feita de escolhas. E talvez, hoje, o mais corajoso não seja zarpar… mas, quem sabe, redefinir o que é porto, e o que é prisão.
Fabiana Ferreira Lopes
Enviado por Fabiana Ferreira Lopes em 01/06/2025
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