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Ferro e Kaiak
Eu te amo. E te amo como quem sangra, como quem não tem escolha, como quem respira o cheiro ácido — ferro com Kaiak — impressão indelével na memória da pele. Eu sinto falta... do timbre grave, rouco, soprando vícios e promessas no canto úmido do meu ouvido. Sinto falta das mãos — mapas vivos que me liam em braile febril, dedilhando meus limites, conhecendo-me mais do que eu. Sinto falta dos beijos, selos urgentes, beijos com pressa de fim de mundo, beijos que morriam e renasciam no intervalo entre um suspiro e outro. Sinto falta da barba, a roçar meu corpo, lembrando que, por um instante, eu fui casa, abrigo, território conquistado. E eu te amo. Mesmo que o mundo me aponte o dedo, mesmo que a razão me grite: “vá embora”. Não sei se quero me libertar ou se, no fundo, prefiro essa prisão sem grades, onde só você tem a chave e eu, o desejo de nunca usá-la. Como amar quem feriu? Como querer permanecer, quando tudo aconselha fuga? Não sei. Só sei que não sei imaginar um futuro sem teu contorno, sem teu encaixe preciso, sem o arrepio da tua presença, mesmo que ausente. Eu simplesmente te amo. E, talvez, amar assim — mesmo ferida, mesmo tola — seja a minha forma mais corajosa de existir. "Para o Espanhol (Bê), ainda que eu devesse te esquecer, não sei... nem sei se quero."
Fabiana Ferreira Lopes
Enviado por Fabiana Ferreira Lopes em 28/05/2025
Alterado em 28/05/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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